Combate à Sonolência Diurna Excessiva: Desvendando suas Causas e Soluções
- miltonanjos777
- 7 de set. de 2023
- 6 min de leitura
Atualizado: 1 de out. de 2023
Em meio à agitação da vida moderna, todos enfrentamos dias em que lutar contra o sono parece uma batalha perdida.
Seja devido a uma noite mal dormida, um despertar precoce ou simplesmente a falta da dose matinal de cafeína, há momentos em que a sonolência diurna excessiva nos atinge implacavelmente, nos deixando ansiando pelo conforto da cama até o final do dia.
A sonolência diurna excessiva (SDE), também conhecida como hipersonia, é um sintoma comum relatado por pessoas que sofrem de distúrbios do sono.
Este incômodo afeta cerca de 20% da população e, para muitos, é mais do que apenas um desconforto; pode ser uma condição debilitante que impacta suas atividades diárias e, até mesmo, aumenta o risco de acidentes de trânsito e lesões relacionadas ao trabalho.
Neste artigo, mergulharemos fundo no tópico da sonolência diurna excessiva, abordando o que é, quais distúrbios do sono podem desencadeá-la e, fundamentalmente, como pode ser diagnosticada e tratada.
Desvendando a Sonolência Diurna Excessiva
Tecnicamente, a sonolência diurna excessiva (SDE) não é um distúrbio em si, mas sim um sintoma que pode estar associado a uma série de distúrbios do sono distintos.
Acredita-se que esse sintoma afete até 20% da população a ponto de interferir no trabalho, na educação e nas atividades diárias.
Este é o sintoma mais comumente relatado por pacientes que buscam avaliação em clínicas de sono para diagnosticar distúrbios do sono.
É mais prevalente em adultos jovens, idosos e trabalhadores em turnos irregulares.
No entanto, determinar sua verdadeira prevalência é uma tarefa complexa.
A natureza subjetiva do sintoma e a falta de consenso entre os profissionais de saúde quanto a métodos de avaliação e diagnóstico tornam essa tarefa desafiadora.
Embora os termos usados para descrever essa condição possam variar, todos convergem para um problema comum: sonolência durante o dia que interfere nas atividades diárias.
Sintomas da Sonolência Diurna Excessiva
O sintoma principal da hipersonia é a sensação crônica de sonolência, que persiste independentemente de um bom descanso noturno.
Pessoas que sofrem de SDE enfrentam uma fadiga constante e avassaladora durante a maior parte do dia, mesmo que tenham tido uma noite adequada de sono.
Outros sintomas associados à SDE incluem:
- Dificuldade em acordar de manhã.
- Falta geral de energia durante o dia.
- Cochilos em momentos inadequados.
- Persistência da sonolência após um cochilo.
- Ansiedade ou irritabilidade.
- Dificuldade de concentração e foco.
- Lapsos de atenção.
- Mudanças no apetite.
- Baixo desempenho no trabalho ou na escola.
É crucial distinguir entre a sonolência diurna excessiva e a fadiga.
A fadiga decorre de esforço físico ou mental intenso, doença ou outras causas, enquanto a sonolência diurna pode ocorrer mesmo após um período adequado de sono.
A SDE, portanto, é uma questão mais desafiadora, já que pode persistir mesmo quando o descanso é obtido regularmente, tornando-se, em alguns casos, mais perigosa do que a fadiga.
Estudos realizados pelo National Transportation Safety Board apontam que mais de 50% das colisões de veículos pesados estão relacionadas à fadiga, com mais de 17% envolvendo motoristas adormecidos ao volante.
A SDE também está associada a menor desempenho acadêmico, afetando o progresso escolar dos adolescentes e prejudicando o rendimento no trabalho, o que pode impactar negativamente a estabilidade profissional.
Causas da Sonolência Diurna Excessiva
A SDE não é uma condição isolada, mas sim um sintoma que pode resultar de diversos distúrbios comuns do sono.
Os três principais distúrbios nos quais a SDE é um sintoma frequente incluem:
Apneia Obstrutiva do Sono (AOS): Esta é uma das condições mais prevalentes, afetando mais de 20 milhões de adultos no Brasil.
Caracterizada por paradas recorrentes na respiração durante o sono, a AOS resulta de obstruções nas vias aéreas superiores.
A frequência dessas interrupções pode prejudicar significativamente a qualidade do sono e desencadear SDE.
Narcolepsia: Um distúrbio raro que afeta cerca de 1 em 2.000 pessoas, a narcolepsia é uma condição neurológica crônica que interfere no controle do ciclo sono-vigília.
As pessoas com narcolepsia entram rapidamente no sono REM após adormecerem e podem vivenciar episódios involuntários de sono REM durante o dia.
A SDE é um sintoma comum da narcolepsia, acompanhada, às vezes, por cataplexia, paralisia do sono e alucinações.
Síndrome das Pernas Inquietas (SPI): Este é outro distúrbio neurológico em que a SDE pode surgir como resultado de uma sensação desconfortável ou dolorosa nas pernas.
Os sintomas geralmente pioram à noite, dificultando o adormecimento e contribuindo para a SDE.
Além desses distúrbios do sono, outros fatores podem desencadear a SDE.
A privação de sono, uso de certos medicamentos e diversas condições médicas e psiquiátricas também desempenham um papel.
A privação de sono é uma causa comum de SDE, muitas vezes resultado de escolhas deliberadas, como ficar acordado até tarde para assistir a um filme ou preparar uma apresentação.
Mesmo uma leve restrição de sono pode levar à SDE, como evidenciado por estudos que demonstram o comprometimento das funções neurobiológicas em adultos saudáveis após apenas seis horas de sono por noite durante 14 dias consecutivos.
A SDE também pode ser um efeito colateral de medicamentos que afetam o sistema nervoso central, como anticonvulsivantes, antidepressivos, antipsicóticos e relaxantes musculares, entre outros.
Condições médicas, como traumatismo craniano, doenças inflamatórias, acidente vascular cerebral e doenças neurodegenerativas, podem contribuir para a SDE.
Além disso, distúrbios psiquiátricos, como a depressão, distúrbios do ritmo circadiano e distúrbios periódicos dos movimentos dos membros, também podem estar associados à SDE.
Diagnóstico da Sonolência Diurna Excessiva
Se você estiver preocupado com a SDE e seus impactos em sua vida diária, é fundamental consultar um médico.
Ele realizará um exame clínico abrangente, coletará informações sobre seu histórico médico e revisará seus sintomas.
Além disso, seu médico pode utilizar uma ferramenta chamada "Escala de Sonolência de Epworth" para avaliar a gravidade da SDE com base em suas respostas a uma série de perguntas sobre a probabilidade de adormecer durante atividades específicas.
Essa escala, que varia de 0 a 3, ajuda a quantificar a gravidade da sonolência.
Seu médico também pode realizar avaliações adicionais, como o Teste de Latência Múltipla do Sono (MSLT) e o Teste de Manutenção da Vigília (MWT), que medem o tempo que você leva para adormecer em situações específicas.
Opções de Tratamento para Sonolência Diurna Excessiva
O tratamento da SDE depende da causa subjacente.
Quando a SDE é associada a distúrbios do sono, como a apneia obstrutiva do sono, narcolepsia ou síndrome das pernas inquietas, o foco principal é tratar o distúrbio subjacente.
Abaixo, você encontrará um resumo das opções de tratamento para essas condições:
Apneia Obstrutiva do Sono (AOS):
O tratamento mais comum para a AOS é o uso de uma máquina de pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP).
Esse dispositivo consiste em uma máscara que fornece ar pressurizado para manter as vias aéreas abertas durante o sono.
Dispositivos orais que mantêm a língua ou a mandíbula em uma posição específica também podem ajudar.
Em casos mais desafiadores, o tratamento com modafinil pode ser considerado.
Narcolepsia:
As opções de tratamento incluem modafinil, estimulantes, antidepressivos, oxibato de sódio e mudanças no estilo de vida.
O modafinil é um estimulante do sistema nervoso central com menos efeitos colaterais que as anfetaminas.
Antidepressivos podem ser prescritos para controlar a cataplexia, um sintoma comum da narcolepsia.
O oxibato de sódio também é eficaz em alguns casos.
Síndrome das Pernas Inquietas (SPI):
Se a SPI for secundária a outra condição médica, como doença de Parkinson, deficiência de ferro, diabetes ou problemas renais, o tratamento dessas condições pode melhorar a SDE.
Além disso, o uso de sedativos para promover o sono, narcóticos para aliviar a dor, anti-inflamatórios e a melhoria dos hábitos de sono podem ser considerados.
Se a SDE não estiver relacionada a um distúrbio do sono específico, o tratamento pode ser mais desafiador.
Nesses casos, ajustes no estilo de vida, como melhorar a higiene do sono, manter horários regulares de sono e tratar condições psiquiátricas subjacentes, podem ser benéficos.
A higiene do sono envolve a adoção de práticas e hábitos que favorecem a qualidade do sono noturno e o estado de alerta durante o dia.
Siga estas dicas para melhorar sua higiene do sono:
- Mantenha horários regulares de dormir e acordar.
- Pratique exercícios, evitando atividades extenuantes antes de dormir.
- Limite cochilos diurnos a até 30 minutos.
- Evite estimulantes como cafeína e nicotina algumas horas antes de dormir.
- Exponha-se à luz natural durante o dia para regular seu ritmo circadiano.
- Evite alimentos pesados e condimentados antes de dormir.
- Mantenha seu quarto escuro, silencioso e fresco.
- Use seu quarto apenas para dormir e atividades íntimas.
No entanto, quando a SDE é complexa e não relacionada a um distúrbio do sono claro, pode ser necessária uma abordagem multidisciplinar que envolva médicos especializados, psicólogos ou outros profissionais de saúde.
Conclusão
A sonolência diurna excessiva é mais do que apenas um cansaço ocasional; é um sintoma que pode indicar problemas subjacentes de saúde.
Identificar a causa da SDE é fundamental para direcionar o tratamento adequado.
Se você está enfrentando uma sonolência diurna crônica que interfere em sua qualidade de vida, consulte um médico.
Através de avaliações clínicas e, se necessário, testes especializados, é possível encontrar a causa e buscar as soluções adequadas para garantir noites de sono restauradoras e dias mais energéticos.
Isenção de responsabilidade:
As informações apresentadas neste artigo são apenas para fins informativos e não substituem o aconselhamento médico profissional.
Sempre consulte um médico qualificado para obter orientação adequada em relação à sua saúde.
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