Narcolepsia: O que é, Quais suas Causas, e Como tratar
- miltonanjos777
- 19 de out. de 2023
- 6 min de leitura

A narcolepsia é um distúrbio do sono que se caracteriza por episódios súbitos e irresistíveis de sonolência durante o dia, acompanhados de perda de tônus muscular (cataplexia), paralisia do sono, alucinações e alterações no sono REM.
Esses sintomas podem afetar a qualidade de vida, o desempenho acadêmico, o trabalho e as relações sociais das pessoas que sofrem com essa condição.
Neste artigo, vamos explicar o que é a narcolepsia, quais são os seus sintomas, as suas causas, como é feito o diagnóstico e quais são as opções de tratamento e remédios disponíveis.
Também vamos dar algumas dicas de como lidar com a narcolepsia no dia a dia e melhorar o seu bem-estar.
O que é Narcolepsia?
A narcolepsia é um distúrbio neurológico crônico que afeta o controle do sono e da vigília. As pessoas com narcolepsia têm dificuldade em manter-se acordadas durante o dia e podem adormecer em situações inapropriadas, como durante uma conversa, uma reunião ou ao volante.
Esses episódios de sonolência são chamados de ataques de sono e podem durar de alguns segundos a vários minutos.
Além disso, as pessoas com narcolepsia podem apresentar outros sintomas relacionados ao sono REM, que é a fase do sono em que ocorrem os sonhos. Esses sintomas são:
- Cataplexia:
é a perda súbita e temporária do tônus muscular, que pode causar fraqueza ou paralisia dos músculos do corpo.
A cataplexia geralmente é desencadeada por emoções intensas, como riso, raiva ou surpresa.
A cataplexia pode afetar apenas alguns músculos ou todo o corpo, e pode variar em intensidade e duração.
- Paralisia do sono:
é a incapacidade de se mover ou falar ao adormecer ou ao acordar. A paralisia do sono pode ser acompanhada de alucinações visuais, auditivas ou táteis, que podem ser assustadoras ou angustiantes.
- Alterações no sono REM:
as pessoas com narcolepsia podem entrar na fase do sono REM logo após adormecerem ou durante os ataques de sono, o que não é comum nas pessoas sem esse distúrbio.
Isso pode causar sonhos vívidos, lúcidos ou bizarros, que podem ser confundidos com a realidade.
- Alucinações:
são percepções falsas ou distorcidas de objetos, pessoas ou sons que não existem na realidade.
As alucinações podem ocorrer ao adormecer (hipnagógicas) ou ao acordar (hipnopômpicas), e podem estar associadas à paralisia do sono ou aos ataques de sono.
- Insônia:
é a dificuldade em iniciar ou manter o sono durante a noite. As pessoas com narcolepsia podem ter um sono fragmentado e interrompido por despertares frequentes, o que pode prejudicar a qualidade e a quantidade do sono.
- Comportamentos automáticos:
são ações realizadas sem consciência ou atenção, como andar, falar ou comer. Os comportamentos automáticos podem ocorrer durante os ataques de sono ou quando a pessoa está muito sonolenta.
A narcolepsia é uma condição rara, que afeta cerca de 0,02% a 0,05% da população mundial.
Ela pode se manifestar em qualquer idade, mas geralmente começa na adolescência ou no início da idade adulta. A narcolepsia não tem cura, mas pode ser controlada com tratamento adequado.
O que causa a narcolepsia?
A causa exata da narcolepsia ainda não é totalmente conhecida, mas existem alguns fatores que podem estar envolvidos na sua origem. Entre eles, podemos citar:
- Genética:
a narcolepsia tem uma forte componente genética, pois cerca de 10% das pessoas com esse distúrbio têm um parente próximo com a mesma condição.
Além disso, as pessoas com narcolepsia apresentam uma alteração em um gene chamado HLA-DQB1*0602, que está relacionado ao sistema imunológico e à resposta inflamatória.
- Lesão cerebral:
a narcolepsia pode ser causada por uma lesão ou uma doença que afete o hipotálamo, que é a região do cérebro responsável pelo controle do sono e da vigília.
Algumas condições que podem danificar o hipotálamo são tumores, traumas, infecções, derrames ou esclerose múltipla.
- Distúrbio autoimune:
a narcolepsia pode ser resultado de um ataque do sistema imunológico às células produtoras de hipocretina, que é um neurotransmissor que regula o sono e a vigília.
A hipocretina é produzida por cerca de 70 mil neurônios localizados no hipotálamo, e sua deficiência pode causar sonolência excessiva e cataplexia.
Acredita-se que esse ataque autoimune seja desencadeado por fatores ambientais, como infecções virais, vacinas ou estresse.
Como a Narcolepsia é diagnosticada?
O diagnóstico da narcolepsia é feito com base nos sintomas, no histórico médico e familiar e em exames específicos que avaliam o padrão do sono e da vigília.
Os principais exames utilizados para diagnosticar a narcolepsia são:
- Polissonografia (PSG):
é um exame que monitora as ondas cerebrais, os movimentos oculares, os batimentos cardíacos, a respiração e a atividade muscular durante uma noite de sono.
A PSG permite identificar as fases do sono, a sua duração e a sua qualidade, bem como detectar possíveis distúrbios do sono, como apneia ou síndrome das pernas inquietas.
- Teste de Latência Múltipla do Sono (MSLT):
é um exame que mede o tempo que a pessoa leva para adormecer durante o dia, em quatro ou cinco oportunidades, com intervalos de duas horas entre elas.
O MSLT também registra as fases do sono durante as sestas. O MSLT permite avaliar o grau de sonolência diurna e a presença de sono REM precoce, que são características da narcolepsia.
- Níveis de hipocretina:
é um exame que mede a concentração de hipocretina no líquido cefalorraquidiano (LCR), que é o fluido que circula no cérebro e na medula espinhal.
O exame é feito por meio de uma punção lombar, que consiste na introdução de uma agulha na região lombar para coletar uma amostra do LCR.
O exame de níveis de hipocretina pode confirmar o diagnóstico de narcolepsia tipo 1, que é aquela que apresenta cataplexia e baixos níveis de hipocretina.
Quais são as opções de tratamento para a narcolepsia?
Embora não haja cura para a narcolepsia, existem opções de tratamento que podem ajudar a controlar os sintomas e melhorar o desempenho diário.
O tratamento da narcolepsia visa aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida das pessoas afetadas por esse distúrbio.
O tratamento pode envolver o uso de medicamentos, mudanças no estilo de vida e apoio psicológico. As principais opções de tratamento para a narcolepsia são:
Modafinil
O modafinil é um medicamento que atua no sistema nervoso central e aumenta o estado de alerta e a vigília.
É considerado o tratamento de primeira linha para a sonolência excessiva na narcolepsia, pois tem menos efeitos colaterais do que os estimulantes tradicionais.
Deve ser tomado pela manhã, em dose única ou dividida, conforme orientação médica.
Alguns dos efeitos colaterais mais comuns do modafinil são dor de cabeça, náusea, ansiedade e insônia.
O modafinil pode interagir com outros medicamentos, por isso é importante informar o seu médico sobre todos os remédios que você usa.
Estimulantes
Os estimulantes são medicamentos que aumentam a atividade do sistema nervoso central e reduzem a sonolência.
Os mais usados para tratar a narcolepsia são a metilfenidato e as anfetaminas.
Esses medicamentos devem ser tomados pela manhã e no início da tarde, para evitar a interferência no sono noturno.
Os estimulantes podem causar efeitos colaterais como taquicardia, hipertensão, irritabilidade, dependência e tolerância.
Também podem interagir com outros medicamentos e substâncias, como álcool e cafeína.
Por isso, é necessário um acompanhamento médico rigoroso para o uso desses medicamentos.
Antidepressivos
Os antidepressivos são medicamentos que atuam no equilíbrio dos neurotransmissores no cérebro e podem ajudar a tratar os sintomas da cataplexia, alucinações hipnagógicas e paralisia do sono na narcolepsia.
Os mais usados para esse fim são os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS), como a fluoxetina e a sertralina, e os inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina (IRSN), como a venlafaxina e a duloxetina.
Esses medicamentos devem ser tomados à noite, antes de dormir, em doses ajustadas pelo médico.
Podem causar efeitos colaterais como boca seca, ganho de peso, diminuição da libido e alterações gastrointestinais.
Os antidepressivos também podem interagir com outros medicamentos, por isso é importante informar o seu médico sobre todos os remédios que você usa.
Oxibato de sódio
O oxibato de sódio é um medicamento que atua no sistema nervoso central e promove um sono profundo e reparador.
É considerado o tratamento mais eficaz para a narcolepsia, pois melhora tanto a sonolência excessiva quanto a cataplexia.
Deve ser tomado em duas doses durante a noite, uma antes de dormir e outra quatro horas depois.
Ele pode causar efeitos colaterais como náusea, tontura, confusão mental e depressão respiratória.
Também pode interagir com outros medicamentos e substâncias, como álcool e sedativos.
Por isso, é necessário um acompanhamento médico rigoroso para o uso desse medicamento.
Mudanças no estilo de vida
Além dos medicamentos, algumas mudanças no estilo de vida podem ajudar a controlar os sintomas da narcolepsia e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Algumas dessas mudanças são:
- Manter uma rotina regular de sono, com horários fixos para dormir e acordar.
- Evitar o consumo de álcool, cafeína e nicotina, especialmente à noite.
- Praticar exercícios físicos moderados, de preferência pela manhã ou à tarde.
- Fazer sonecas curtas e programadas durante o dia, de 10 a 20 minutos, para aliviar a sonolência.
- Evitar dirigir ou operar máquinas se estiver com sono ou sob efeito de medicamentos.
- Buscar apoio psicológico e social, participando de grupos de autoajuda ou terapia.
Conclusão
A narcolepsia é um distúrbio do sono que pode afetar a saúde e o bem-estar dos pacientes.
Embora não haja cura para a narcolepsia, existem opções de tratamento que podem ajudar a controlar os sintomas e melhorar o desempenho diário.
O tratamento da narcolepsia envolve o uso de medicamentos e mudanças no estilo de vida, que devem ser orientados por um médico especialista em sono.
Com o tratamento adequado, os pacientes com narcolepsia podem ter uma vida normal e produtiva.
Isenção de responsabilidade
Este artigo tem fins informativos e educacionais e não substitui a consulta médica.
Para um diagnóstico e tratamento adequados da narcolepsia, consulte um médico especialista em sono.
Comments